domingo, 7 de julho de 2013

Diários Não Autorizados da Ruiva do Andar de Baixo Parte II

Ontem, ela foi dormir com o som da chuva e hoje acordou ao som da chuva.
"Agradável", deve ter pensado ela, pois ela tem o típico comportamento daquelas que apreciam um belo dia de chuva e o conforto e o calor do lar.

Persisto em acompanhá-la, de longe e anonimamente, como um espectro perpétuo colado ao vidro.
Sei que ela aprecia chá ou café com biscoitos de chocolate e sei que sempre que ela pode ela vai para a varanda ler, pensar ou simplesmente aproveitar o dia.
Sei também que ela tem um amor. Se ela é correspondida ou não, isso já não sei, mas sei que todos os dias ela, provavelmente, acorda com a sensação de ter um motivo para sorrir ou para chorar.

Hoje, ainda, percebi que ela estava triste... ou muito ocupada.
Não acendeu a típica luz de cabeceira do quarto e ficou a ler, como de costume.
Gostaria de saber quais são seus livros prediletos, mas não tenho coragem de chegar perto dela. 
Não sei nem seu nome.
Hei de descobrir...

Esses diários tão secretos...
Não, não a amo.
Não sinto desejo de possuí-la.
Muito menos sou homem, mulher ou ao menos humano.
Sou um espectro, uma fumaça que a sobrevoa.
Um lado adormecido seu... inquieto e louco para se libertar...

Hoje senti o cheiro de jujubas e sei que ela as comeu, pois senti que a chuva carregou o cheiro delas para mim...
Foi algo tão pessoal e inédito!!!
Sem explicação! Me senti tão bem por ver algo tão simples, mas ao mesmo tempo pude sentir o sabor também...
Mesmo que eu não quisesse, eu sou ela, uma parte desconhecida...
Um lugar escondido, mas que aos poucos se revela...
Não sei se sou a felicidade dela, que tem se escondido, ou a possibilidade de amar... ou qualquer outra coisa.

Não sei.

Só sei que quero mais jujubas.

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