Sentimento furioso a que todos os
humanos são suscetíveis: o amor. É ele uma doença que, ao menos uma vez na
vida, acerta-nos com toda sua força e, colocando-o nas palavras de Camões, é “fogo
que arde sem se ver” e “é querer estar
preso por vontade”. Sábios dizeres que bem hoje, e sempre, definiram essa
sensação inevitável entre nós, seres de sangue quente. Mas o foco não são as
boas “vibrações” que ele pode agregar a uma pessoa, mas sim as desilusões que
carrega no pacote.
“Aquela paixão e ligação
haviam-no dominado tão inteiramente que estivera como que escravizado”. Neste
fragmento de “O Eterno Marido”, de Dostoiévsk, podemos ver como Vielhtcháninov
sentia-se ao recordar de seu caso com Natália e não apenas eles sentiu-se
assim. Todavia todos que tomam consciência de seus objetos, pessoas, etc.,
amados dão-se conta do real significado de tal sentimento: escravidão,
submissão, em alguns casos o ciúme e diversas outras consequências que findam
por enegrecer a alma humana. O que pode o tornar pior? Dois fatores: primeiro
que “amar” é algo que tanto o corpo como a mente necessitam, pois sem ele é
como haver um oco dentro de si e, na tentativa de preencher o vazio, somos
tomados pelo impulso e deixamos que qualquer leviano(a) nos domine. E o segundo
fator que tortura e angustia e nós, reles mortais, é não correspondência da
outra parte.
Todos sofremos desse mal ao menos
uma vez na vida: o amor não correspondido. Hoje é “modinha” as pessoas trocarem
carícias sem o menor sentimento, não que antes não ocorresse, mas é agora que esse fato foi, por
assim dizer, “escancarado”. O que seria isso? É a nossa carência gritando cada
vez mais alto (e também a libido) o que nos impele a mantermos relacionamentos
em que não há qualquer grau afetivo que seja. Todo esse “carnaval” é para
podermos, nem que seja por algumas horas, nos sentirmos “completos”. Senhoras e
senhores, esse é o ser humano lutando contra o abismo que a falta do ser amado
causa.
Séculos passaram-se e muitos
outros ainda virão, mas o “amor” e toda a consequência que ele traz nunca se
modificará. A realção homem mulher sofre constantes transformações, mas o que
cada um sente e pensa, nem a todo momento está preparado para acompanhar tais
mudanças.
Segue uma música que, sei lá, me inspirou para escrever este texto mesmo que não tenha nada a ver com o sentido real. É da banda The Zombies e a música é Time Of The Season.