Em topar qualquer coisa,
Em mudar qualquer coisa;
Eu e ela choramos ao relento,
Segurando o chapéu contra o vento,
Enquanto - eles - lendo;
Eu e ela buscamos qualquer verso,
Rabiscamos qualquer feitiço,
Fingimos qualquer rebuliço;
Eu e ela não somos as mesmas,
Ainda agimos como lesmas.
Eu e ela não somos farsantes,
Somos fantasmas ambulantes
Num marasmo de cores sem fim.
Eu e ela demos uma volta no Restelo,
Mas só encontramos restos.
Eu e ela nada somos,
Fingimos que somos,
Mas tudo somos.
Eu e ela somos perfeitamente imperfeitas,
Feitas à óleo, por não se misturarem com nada.
Eu e ela, ela e eu,
Tanto faz.
Podemos ser "eleu".
Juntas na mesma miséria,
Buscando a mesma coisa,
Disfarçando.
Interpretando o mesmo teatro,
Como atrizes coadjuvantes,
Rindo risos tristes.
Atores diferentes contracenam.
Mal sabem eles de Ela e Eu,
Eu e Ela.
"Eleu".
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